domingo, 14 de julho de 2013

Eles me assediam o dia inteiro.
Tipos mesquinhos e ordinários.
Caras abomináveis e excêntricos.
Figuras inomináveis.
Criaturas sedutoras.

Eles me acordam à noite, me tirando o sono. Embalam meu sonho acordado. Roubam- me a noção de tempo e espaço. Embaralham minha monotonia.

Homens bonitos ou feios, incompreendidos ou bem resolvidos, com detalhes que só eu saberia listar.  Mulheres que já fizeram história, outras sem trajetória, com passos ainda a trilhar.

São sentimentos à flor da pele, que gritam"decifra-me ou te devoro". Sensações que sufocam se as ignoro. Palavras que se emparelham e reorganizam o sentido de vida.

São ideias, argumentos, roteiros, possibilidades. Histórias, memórias, paródias, paranóias.
Documentos reais ou imaginários.
Infinitudes ou relicários. 

São palpitações, desatinos, palpites
Personagens e engrenagens.
E eu não saberia viver se não fosse por eles.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

É mágica, só pode

Física quântica

ou reza forte.

Basta um beijo seu

e eu perco o norte.

Meu corpo treme

minh`alma se sacode.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

SITUAÇÃO densa e intensa
propensa a virar
poema

SITUAÇÃO típica e crítica
propícia a virar
cinema

SITUAÇÃO difícil e imposta
disposta a virar
dilema

(...)

Postei esse poema em 2008, mas vale o repeat.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Feliz 2012!

Neste ano novo, mude sua forma de enxergar a vida e o mundo.
Recicle o que puder, doe o que não quer,
compartilhe mais.
Vote consciente, mobilize muita gente, 
acredite no que faz.
Coma menos porcarias, colecione alegrias, 
desconfie dos normais.
Assista menos TV, não perca tempo com BBB, 
leia e produza mais.
Não guarde rancor, aposte no amor, 
comece em você a paz.

2012 está aí. Vire a página e deixe para trás tudo o que te trava,
te deixa pra baixo, te segura.
Assim o sucesso virá em dobro, e com fartura.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

FIXAÇÃO

Penso em você o dia inteiro meu amor
Um cheiro, uma lembrança, um som
Uma cor
Tudo à minha volta
e dentro de mim
me leva a você
Meu início, meio e fim

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Cola seu corpo no meu
Junta minha alma na sua
Segura o oposto do breu 
Retorna ao que não configura 
Entorna o que se sucedeu
Abraça o que ainda flutua

quinta-feira, 19 de maio de 2011

adiar tanto
não está
adiantando
Desconfio seriamente de pessoas sérias demais
Daqueles que não dão bom dia
Dos que se julgam normais
De quem não tem tempo pra poesia
Dos que não gostam de animais
De quem acorda cedo, mas mal vê o dia
De quem não olha pra trás

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

ACIDENTAL

Dentro de casa uma lagartixa de rua.
Não daquelas que sobem pelas paredes,
quase transparentes, faxineiras e ajudantes.
Não daquelas que se equilibram no teto
e passam longe do tato.
Esta - ligeira, faceira, arteira. De rua.
Altiva, atrevida, impossível de encarar.
Entra e sai debaixo da cama, vãos de sofás, frestas abertas, esconderijos encobertos, aqui e lá.
Corro atrás dela, não tenho medo. Asco não tenho.
Quero capturá-la com minhas próprias mãos.
Sentir na pele o regozijo de um predador.
Mas não sou tão ágil, nem tão pequena.
Minha natureza não me designa tamanha estripulia.
Ela foge de mim. Parece sorrir em seus olhos semicerrados.
De relance, vejo sua cauda – cortada.
Aliás, acho que não tem cauda.
Como será sua vida lá fora?
Foge de gato, toma sol no asfalto, alvo de brincadeiras infantis.
A cauda? Certamente perdida para algum estilingue ou pedra, maldade ou acidente.
Lembro-me de uma batida de carro, quase levou-me a vida e os movimentos há dez anos atrás. Fico com dó.
Dela e de mim.
Depois me recomponho.
Ela se recompõe melhor do que eu.
Sua cauda se regenera rapidamente - daqui a pouco cresce de novo, e garanto que já nem se lembra o que lhe aconteceu.
Já eu estou aqui, ainda traumatizada por um acidente que me levou algumas coisas.
A visitante oportuna corre para outro lado da casa.
Eu não corro mais atrás dela.
Agradeço-lhe a descoberta acidental.
Meu corpo pode até não se regenerar.
Minha alma é como cauda de lagartixa.

... ... ... ... ...

Esta poesia é antiga, tem mais de três anos. Mas outro dia li de novo e fiquei com vontade de postar novamente. Fiz quando o João levou uma lagartixa pra dentro de casa.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

DECLARAÇÃO

Existe dentro de mim
uma luz que brilha
quando eu te vejo

Existe dentro de mim
um fogo que acende
quando eu te beijo

sexta-feira, 23 de julho de 2010

novidade na ponta da língua faísca os olhos
vontade na ponta dos dedos arregala os traços

quarta-feira, 14 de julho de 2010

morada de vento
é movimento
morada de traça, carcaça
o que não me trai
sustento
o que atrai, me ultrapassa

quinta-feira, 18 de março de 2010

CONSUMAÇÃO

Vou te consumir até você ficar exausto
Até sumir qualquer rastro de dor, pavor, chaga, medo
inquietude
teor de misturas não identificadas
Mas já aviso:
não é claustro
É liberdade anunciada

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

ANORMAL

Não me interessa o que é reto, resto,
certo, confesso.
Mas o que escapa do dia a dia fugidio.
As vicissitudes da vida.
Embora eu teime com meu tema atemático
matemático,
caleidoscópio ambulante que calcula a visão,
cópia caudalosa de meus cabelos ao vento,
foto impregnada de íntima memória.
A normalidade enfraquece o que está por vir,
e a poesia quer-se quente.
Jogo lenha na fogueira, mas não qualquer uma:
combustível fóssil, óleos que não viram tudo,
e, sobretudo, agora e sempre,
a pureza ainda não extraditada de seu estado virgem,
e o primitivismo não contaminado pela vontade da normalidade.

... ... ...

Meu filho ganhou um lindo caleidoscópio de Natal. Olhando ele brincar outro dia eu fiquei com vontade de postar essa poesia de novo...

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

poemas
são palavras com pernas
penas que voam
perdas que voltam
pomares frutados
pormenores apenas

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

OÁSIS

No calor da paisagem sua visão me refresca.
Miragem de brisa em corpo sedento.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

ONDE OS SONHOS DANÇAM

Onde doura a minha alma.
No lugar onde meu rosto cora.
Onde moram os meus segredos.
No espaço encantado dos meus brinquedos.
Onde descansa o meu gingado.
Onde meu balanço não cansa.
Na rua em que desfila minha alegoria.
Na alegria descoberta recém-acordada.
Onde meus olhos brilham.
No frescor renovado da epiderme.
No pulsar que pulula quase para.
Onde meu coração dispara.
No viés do perfume que de mim exala.
Na conexão configurada eterna.
Onde se sacia a fome.
Onde o apetite não passa.
No azul profundo que não desbota.
Na borda recheada de multisabores.
No infinito que não tem fim.
Na paz que se restaurou em mim.
Onde eu ainda nem sei nomear.
Onde os sonhos dançam.
É ali.
É este o seu lugar.

PRESSÁGIO

Muitas vezes tenho saudade.
Saudade do que não vivi.
Saudade do que eu ainda nem vi.
Saudade do que sei que será.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

NÓS

É você e eu
É você e sou eu
É você em mim
Sou eu em você
Em você sou eu
Sou eu e sou você
Somos nós em mim
É você sou eu em mim
Em mim é você
É você e sou eu
Somos nós em um
Somos você e eu
Somos dois em nós
Somos nós você e eu
Em você somos eu
Somos você em mim
Somos nós em você
Somos eu e você em nós
Em nós somos um
É você sou eu sou nós
Em mim sou você
Sou você sou eu
Somos nós você e eu
E ninguém desata esse nós de afins

terça-feira, 11 de agosto de 2009

AQUARELÁVEL

Tira o batom da minha boca
Muda o tom da minha face
Cora minha pele
Testa todas as variações
Rubro vermelho fogo furto paixão
Inventa uma combinação arranjada
Combina seu jeito com o meu
Apimenta uma cor extra de sal
Decora meu corpo inteiro
De mimos, adereços, segredos
Faz de mim seu endereço
Na morada nova um ateliê seu

Experimenta sua arte em mim
A tela em branco sou eu

terça-feira, 14 de julho de 2009

VÃO

Pelo vão encoberto de sua aura
é possível perceber
o que se passa por fora do campo
imagético de sua visão.

Sentimentos loucos, devaneios muitos,
arestas cortadas que se querem inteiras.

Deixe entrar o que lhe basta.
O que espoca em seu coração.
O que causa furor na alma
e arrepios na auréola.

O que lhe escapa não lhe serve.
Deixe-se ir.

Pelo sim,
pelo não,
existem os que ficam,
e os que se vão.

...

esse blog não é um diário virtual, as poesias que posto aqui, nem sempre têm a ver com o meu estado de espírito. aliás, na maioria das vezes, não têm.
mas essa aqui estava martelando na minha cabeça desde ontem, então vale a repetição (ela já foi publicada há um tempo atrás).

sexta-feira, 3 de julho de 2009

LUGAR QUALQUER

Na
veia
ainda
pulsa
como antes
adormecido outrora apenas

No
seio
ainda
pesam
disparates
envaidecidos embora menos


No
leito
ainda
futuro espera

aonde
aqui
ali
tanto faz

Você já veio.
Agora eu vou.

ENTÃO

então estamos entregues
entoando inebriados enigmas
enaltecedores embriagados
em entrelugares entediantes

então encurtamos espaços
endiabrando enlaces embolorados
encolhe-dores esfuziantes
em encobertas entrelinhas

então encaixamos enxadas
esperando encontrar entrudo
entanto entrecortamos entulho
entusiásticos entrantes em tantos

então enveredamos em entrevero
embaralhados esbregues
enunciando entalhes entocados
entremetidos em engodo

então engrandecemos enxurro
enganando engenharias engorduradas
entardece enquanto entrevemos
entrepostos enlameados esbarram

em tão prontos estamos
para sermos tanto em tudo

quarta-feira, 3 de junho de 2009

SINGULAR

cada um é responsável pela sua singularidade
mas a maioria prefere o plural

quinta-feira, 28 de maio de 2009

...

quero a leveza
quero o doce na boca
cosquinha na alma e brilho incontido
quero a pureza do primeiro encontro
sorriso nos olhos e novidade exalando no andar
quero peito aberto
apostar no incerto e viver tudo aquilo que ainda
não sei se já vi

quero etecéteras
porque daqui a pouco,
eu sei,
você vai estar aqui

sábado, 23 de maio de 2009

FOI-SE

Foi forte e relevante
Foi difuso e inconstante
Foi tudo, tanto, todo a todo instante
No que começou se perdeu
O que atraiu repulsou
Encontro e desencontro em
tempo real dissonante
E agora?
Viver isso em nome de quem?
Buscar mais em razão de quê?
Dores não sinto, nem quero
Cores eu vejo, não minto
Mas coisas, não mais pressinto
Nem é tudo tão azul quanto
era antigamente
O que der e vier
Se vier se preciso for
Talvez não venha
e se contente
no que já deixou de
ser
sem nunca ter realmente
(s) ido.

domingo, 26 de abril de 2009

RESSURREIÇÃO

pronto. agora estou em paz.
meus fantasmas não me assombram mais.
o que passou ficou para trás.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

PENETRAÇÃO

Adentro nas entranhas da linguagem.
Aqui dentro é território quente e úmido
vermelho fogo furto paixão.
Entrar e sair não dá.
Entrego-me total
em recônditos plurívocos.
Desprendo-me do medo
dominante cintilante,
lá fora fica com discursos
gastos pelo uso.
Combinações de arranjos
e signos inextricáveis
perfilam e engendram minha alma mucosa e desavergonhada.
Nada ensaiado. Pré-concebido, nada.
Descobertas me vêm em chofre e em choque
culminam no cheque-mate:
efervescências de relâmpagos verbais
engravidam o papel em branco
num gozo supremo do inútil.
Forma única de eternização da vida/arte.

terça-feira, 14 de abril de 2009

ODE

Liberdade enche o peito de luzes e delírio
como um rosto corado de vontade

Felicidade pinta o céu de azul e laranja
como um gosto apertado de saudade

Amizade cobre os braços de aconchego e surpresa
como um gesto inesperado em fim de tarde

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Não sei se consigo andar só.
Somente sinto que não sou suficiente
e inconscientemente,
te chamo.
E te espero,
mesmo que chegues no frio.

domingo, 15 de março de 2009

Lançamento Cadernos de Dramaturgia



Na quarta feira, dia 18, serão lançados os Cadernos de Dramaturgia do Galpão Cine Horto, com os textos de todos os oficiniões e ensaios sobre o processo criativo dos mesmos. Eu assino um dos ensaios, do espetáculo "Por toda a minha vida", do qual fui uma das dramaturgas. Para fazer o ensaio tive que voltar ao universo melodramático e reviver um pouco o processo de criação do espetáculo, que foi colaborativo. E me lembrei daqueles anos de convivência no núcleo de dramaturgia do Grupo Galpão. Dias de discussões, estudos e criações riquíssimas. Me deu saudades daquela época e alegria por saber que vou encontrar todo mundo (senão todos pelo menos uma grande parte) no dia 18.
E vocês, meus queridos, também são meus convidados. :)